Thinking...

Quando entrei no comboio, sabia que o destino era longínquo... sabia que as várias estações onde ia parar estavam degradadas e que não era aconselhável sair para recarregar energias… sabia que a linha do comboio estava armadilhada pela guerrilha… sabia que alguns passageiros eram informadores do governo… sabia que o comboio ia sobrelotado e portanto havia que lutar por um lugar… sabia que o comboio tinha carruagens muito antigas no fim, onde convinha não ficar…

Mas também, sabia que a maioria dos outros passageiros estavam na mesma situação que eu… sabia que só em alguns podia confiar para que me guardassem a mala enquanto dormia… sabia que em algumas estações mais recentes havia máquina com comida e refrigerantes… sabia que no destino me esperava de novo a minha família e quem me ama… sabia que o maquinista queria chegar ao destino final (não por nós, mas por ele) … sabia que apesar das dificuldades a minha confiança me ajudaria a chegar ao destino são e salvo…

MAS, agora que o comboio já partiu, já passou pelas estações mais recentes, sinto-me amedrontado com o cenário que se me depara… É em tudo semelhante a esta estação onde uso a Internet… uma estação antiga, onde a guerrilha tem os seus homens espalhados para angariar fundos… onde os outros passageiros à cautela não vieram… uma estação que não indica se o nosso comboio vai para o destino se não… uma estação onde as dúvidas são muitas, o cansaço aperta e a confiança cai a cada quilómetro viajado… a cada dificuldade enfrentada…

É pois desta estação que vos escrevo, na esperança de vos voltar a escrever para retratar uma outra estação, uma outra fase, uma outra esperança, uma outra vida…