Abertura do Campo Pequeno 2009 dominada por cavaleiro espanhol

Pablo Hermoso de Mendoza, foi ele que fez levantar a praça inteira do Campo Pequeno no passado dia 7 de Maio com 2 lides bem conseguidas. No cartel havia ainda António Ribeiro Telles, o expoente máximo da lide clássica e Vitor Ribeiro, um cavaleiro já com valor demonstrado mas que não conseguiu brilhar neste primeira noite de toiros de 2009 em Lisboa.

Começando pelo início, António Ribeiro Telles e a sua montada são derrubados logo no primeiro ferro da noite... o toiro da ganadaria Passanha não contente com tal feito, tenta saltar as tábuas e à segunda tentativa foi bem sucedido, mas por pouco tempo... dado que rapidamente o fizeram regressar à arena para lide razoável de António Ribeiro Telles.

No segundo toiro da noite, Pablo Hermoso de Mendoza esteve por cima, ganhou confiança e fez uma lide de bom nível. Teve como prémio uma segunda volta à arena.

Terceiro toiro da noite, Vitor Ribeiro tenta ligar a lide e tourear de facto o toiro, mas este revela-se muito distraído, especialmente com o que se passava entre barreiras. Na minha opinião um dos bandarelheiros de Vitor Ribeiro teve responsabilidades por alguns momentos que não foram ligados na lide porque me pareceu evidente que o toiro se distraiu com as suas movimentações atrás das tábuas...

Quarto toiro, uma boa lide de António Ribeiro Telles, onde na minha opinião faltou alguma exigência mais por parte do cavaleiro, quem tem dúvidas que se fosse uma corrida televisionada o cavaleiro colocaria um ferro de palmo? Não lhe peço que ponha um par de bandarilhas, porque parece não o saber fazer, mas teve tempo, espaço, público e toiro para fazer mais do que colocar ferros seguidos do mesmo modo.

Quinto toiro da noite, depois de toda a expectativa criada com a primeira lide Pablo Hermoso de Mendoza tinha o público do seu lado e ele próprio tinha a confiança em alta, o que o galvanizou para uma lide excelente. A sua quadra de cavalos é de altíssimo nível e toda a sua lide se pautou por uma óptima ligação ao público, próximidade ao toiro, e recortes técnicos de altíssima qualidade. O seu último cavalo parecia querer beijar o toiro, porque o lidava de frente a uma distância muito curta, mesmo inacreditável, só mesmo visto e apreciado. Por esta lide, valeu a pena o bilhete para o espectáculo. Saiu em ombros da praça depois de uma segunda volta de consagração.

Sexto e último toiro da noite, sem dúvidas o pior toiro que a ganadaria Passanha apresentou. Este não só não permitiu a Vitor Ribeiro uma lide adequada, como se refugiou nas tábuas desde o início. De referir que o cavaleiro se esforçou para ter uma prestação razoável nesta praça, mas não foi feliz. Começou por fazer um erro, quando decidiu receber o toiro sózinho e prescindir dos bandarelheiros... e porque foi um erro? Porque o cavalo que tinha não estava preparado para tal sorte e começou a recuar e a ficar instável quando viu o toiro a sair dos curros. Algumas pessoas poderão achar normal esta situação, mas para mim é um erro, porque se ele queria fazer isto, deveria fazê-lo apenas com um cavalo bem treinado para o efeito e se o cavalo fosse um especialista nisso não ficava nervoso com o aproximar do toiro. Se não há treino e trabalho, não vale a pena inventar. Devo salientar que no desespero de colocar o sexto ferro da noite, Vitor Ribeiro entrou entre o toiro e as tábuas e com toda a sua energia tentou deixar o ferro, que acabou por não conseguir, mas deve-se sublinhar a coragem e vontade do cavaleiro em fazê-lo porque de facto o toiro não ajudou em nada.

Nota para as pegas da noite, todas de bom nível, 4 delas à primeira tentativa, mas também com toiros que não complicaram. Os forcados foram nesta noite as figuras mais homogéneas e de qualidade mais elevada, quando comparadas com cavaleiros em que apenas um cavaleiro teve uma noite excelente (António R. Telles podia ter feito mais e Vitor Ribeiro teve pouca sorte) e bandarelheiros que por vezes querem ser as estrelas (o bandarelheiro deve facilitar a lide do cavaleiro e não a sua própria lide...).